Foi com profunda tristeza que tomei conhecimento do falecimento do Comendador Doutor Manuel Rui Azinhais Nabeiro, e venho neste momento de enorme tristeza e perda, em meu nome pessoal e em nome do Conselho de Administração da Fundação AIP, a que presido, apresentar a V. Exa e seus familiares e muito especialmente a Sua Exma Avó Alice, os meus votos de grande pesar e as sentidas condolências.
O Comendador Doutor Rui Nabeiro, com quem tive o privilégio de trabalhar, de conviver e de cultivar uma boa Amizade é, sem dúvida, exemplo raro e a preservar de uma personalidade ímpar, um Humanista, com uma notável, longa e intensa vida dedicada ao empreendedorismo empresarial e um contributo grandioso para o desenvolvimento da economia e da sociedade portuguesas.
As palavras elogiosas proferidas, na cerimónia de atribuição do título de Doutor Honoris Causa que lhe foi conferido, no dia 8 de maio de 2022, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, em brilhante cerimónia realizada na Sala Grande dos Atos (Sala dos Capelos), resumem, com elevado acerto, toda a importante Obra de Vida do Comendador Rui Nabeiro: “A sua experiência de vida constitui uma inspiração e um testemunho da vitória da iniciativa individual face às adversidades das diversas épocas por que passou e em que deixou marca, reconhecendo-lhe, desde o início da sua vida profissional, o seu sentido ético e a sua afirmação da responsabilidade social, não enquanto respostas a uma exigência externa, mas antes como uma necessidade natural de quem sabe que a economia é feita de pessoas”.
Na verdade, a sua Obra de Vida é bem demonstrativa do seu notável valor, de que destaco, igualmente, por o ter acompanhado de mais perto, a sua preocupação e o seu importante papel no associativismo empresarial, com especial relevo no frutuoso apoio e cooperação com a Associação Industrial Portuguesa, durante o período da minha presidência naquela Instituição, que lhe consagrou a sua Medalha de Ouro, em 2007, pela sua “determinante ação para o desenvolvimento associativo, empresarial e económico de Portugal”.
Esse seu apoio permitiu o sucesso da descentralização regional e do desenvolvimento associativo realizado então, permitindo o progresso empresarial nas regiões do Alentejo (Évora, Beja e Portalegre) e que se estendeu a 12 outras regiões do País.
Gostaria, ainda, de enaltecer, a enorme visão estratégica do Comendador Doutor Rui Nabeiro de preparar o Futuro, bem exemplar, também, pela forma como transmitiu a sua enorme sabedoria para as gerações seguintes, encontrando, como sempre fez, passo a passo, seguramente, o caminho mais apropriado para o desenvolvimento.
A sua brilhante Obra de Vida, alcançada pelo seu indelével valor profissional e inteligência ao serviço das empresas, sublimado no exemplo da atividade do Grupo Nabeiro, e na sociedade, permitiu, estou certo, que Portugal beneficiasse dos seus ensinamentos e experiência traduzidos em progresso para os cidadãos.
O seu grande contributo para o desenvolvimento do País, e o brilhantismo da sua extraordinária capacidade de trabalho e inteligência, foram reconhecidos publicamente através da concessão, a 9 de junho de 1995, pelo Presidente da República, Dr. Mário Soares, do grau de Comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial – Classe Industrial, e a 5 de janeiro de 2006, pela atribuição do grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio.
Portugal perdeu um Grande Homem, no dia consagrado ao Pai, como o Comendador Doutor Rui Nabeiro o foi para a vila onde nasceu e que tanto amava, Campo Maior, mas, igualmente, para milhões de Portugueses que da sua Obra de Vida beneficiaram e beneficiam, e que perdurará na sua Memória. Bem-haja!
Ao reiterar-lhes os meus votos de sentido pesar, peço-lhes que aceitem os melhores cumprimentos de Amizade
Jorge Rocha de Matos
Presidente da Fundação AIP